Movimento nascido na cidade e focado na cultura do instrumento Agbê teve grande temporada em Salvador, e agora pousa nos meses de abril e maio no DF, em seu novo formato itinerante
Movimento nascido na cidade e focado na cultura do instrumento Agbê teve grande temporada em Salvador, e agora pousa nos meses de abril e maio no DF, em seu novo formato itinerante
O coletivo Agbelas está de volta a Brasília, com oficinas e cortejos em diferentes pontos da cidade. O movimento é liderado por Giovanna Paglia e tem suas origens no DF, tendo como protagonistas as mulheres e também o Agbê, instrumento presente em diversas tradições populares do Brasil e em rituais de matriz africana. Em suas atividades culturais, as Agbelas desenvolvem a consciência decolonial, mesclando musicalidade a histórias ancestrais, tocando ritmos afro-brasileiros e um repertório musical de temas políticos, sociais e raciais. Após dois anos em Salvador, com diversos projetos, iniciativas e experiências marcantes, como apresentações com Carlinhos Brown e tocadas em importantes eventos da capital baiana, o grupo retorna a Brasília para vivências com o público local, e depois segue pelo Brasil em seu novo formato itinerante. No DF, as atividades acontecem na Vila Planalto e em Ceilândia, regiões fundantes e fundamentais na história da cidade.
Agbelas na Vila Planalto
Na Vila Planalto, território de origem das Agbelas, serão oferecidas as seguintes atividades para alunos e alunas da Escola CEF 01: Oficina de Agbê, Perna de Pau, Percussão e Figurino/Estandarte. E além das atividades culturais, o projeto irá focar em histórias não contadas da cidade, como o massacre do Acampamento Pacheco Fernandes, ocorrido 01 ano antes da inauguração de Brasília, onde é atualmente a Vila Planalto. O crime ocorreu após reivindicações dos operários por melhores condições de trabalho, muito precárias nas construções da capital. Para falar melhor dessa trágica história, haverá uma aula com o jornalista e pesquisador João Carlos Amador, além de uma Roda de Conversa sobre essa passagem da história do DF.
E no dia 17 de maio, sábado, às 16 horas, partindo do CEF 01 da Vila Planalto, ocorrerá um cortejo musical com participantes das oficinas e com grupos artísticos convidados, que são a Fanfarra Tropicaos e o Maracatu do Boiadeiro Boi Brilhante. O cortejo será em homenagem a esses operários da Vila, Candangos que construíram a cidade, e que morreram, em pleno sábado de Carnaval, por lutar por melhores condições de trabalho. Cruzando as ruas da Vila, o cortejo irá passar pelas casas onde viveram esses moradores, e também pelo memorial que existe na Vila em homenagem ao trágico ocorrido. Além dos ritmos de matriz africana, as Agbelas vão levar, para esse momento especial, um repertório político e tropicalista, promovendo a reflexão sobre o acontecido através da música.
Agbelas em Ceilândia
Já em Ceilândia, as atividades são no Quilombo Cio das Artes, onde estão ocorrendo Oficinas de Toques e Dança com Agbê e de Perna de Pau. O foco é em mulheres periféricas, negras, pessoas LGBTQIAP+ e PCDs. E para finalizar o projeto, no dia 10 de maio, sábado, às 16 horas, saindo do Cio das Artes, haverá um cortejo musical com quem vivenciou as oficinas, além da participação da Fanfarra Tropicaos e das Sambadeiras de Roda, grupos especialmente convidados.
Sobre as Agbelas
Fundada em Brasília em 2019 por Gio Paglia, a Agbelas difunde o legado ancestral do xequerê sob uma perspectiva negra, matriarcal e decolonial. Com aulas gratuitas de agbê para comunidades em situação de vulnerabilidade social, a iniciativa já passou por Chile, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, levando educação e arte afrodiaspórica para diversos públicos. O coletivo agora tem uma dinâmica itinerante, passando curtas temporadas em diferentes locais do Brasil e do mundo.
Agbelas em Salvador
As Agbelas passaram os últimos dois anos em Salvador, e foram tempos inesquecíveis, onde tiveram experiências muito marcantes na cidade. O movimento dividiu os palcos com grandes nomes da música, como Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Luiz Caldas e Daniela Mercury. Por dois anos seguidos tocaram no Carnaval, no famoso Arrastão da Quarta Feira de Cinzas, finalizando com chave de ouro as festividades da cidade. Também tocaram com o Zárabe, grupo percussivo liderado por Brown, no importante Dia da Lavagem do Bonfim. E a Orquestra de Agbês, liderada por Gio Paglia e composta por mulheres de diversas idades e origens, se apresentou dois anos consecutivos na Festa de Iemanjá do Rio Vermelho. Também com a Orquestra de Agbês, as Agbelas se apresentaram no Dia da Independência do. Brasil na Bahia (02 de julho), onde homenagearam as heroínas da independência. Também em Salvador, foram ministradas aulas e oficinas para grupos internacionais da Espanha, EUA e diversos outros países, realizando um rico intercâmbio cultural. Com toda essa experiência, as Agbelas retornam a Brasília carregando toda essa inigualável bagagem, que enriquece ainda mais a nossa capital.
Os projetos das Agbelas tem recursos da Lei Paulo Gustavo e do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal
SERVIÇO
Agbelas em Brasília
Atividades abertas:
Cortejo sábado, 10 de maio, 16h, saindo do Cio da Artes, com Fanfarra Tropicaos e das Sambadeiras de Roda
Cortejo sábado, 17 de maio, 16h, saindo do CEF 01 da Vila Planalto, com Fanfarra Tropicaos e o Maracatu do Boiadeiro Boi Brilhante
Entrada Franca e Livre