Projeto da Unifesp une tecnologia, historiografia e participação cidadã em narrativa digital
Projeto da Unifesp une tecnologia, historiografia e participação cidadã em narrativa digital
A plataforma Pauliceia 2.0, desenvolvida por pesquisadores da Unifesp em colaboração com instituições nacionais e internacionais, entra em nova fase de expansão e consolidação. Com previsão de incorporar até o início de 2026 cinco novos bairros: Pinheiros, Lapa, Liberdade, Santana e Brás, todos de São Paulo, o projeto amplia significativamente o alcance do seu geolocalizador histórico, oferecendo ao público ferramentas digitais para acessar informações detalhadas sobre imóveis e eventos em diferentes épocas da cidade de São Paulo.
A iniciativa é coordenada pela Unifesp nos campi Guarulhos e São José dos Campos, com participação ativa do ITA, Emory University e do Arquivo Histórico Municipal. Em sua fase inicial, o projeto também contou com a participação do INPE e do Arquivo Público do Estado de São Paulo. A proposta combina base cartográfica robusta com recursos técnicos avançados, permitindo que qualquer usuário pesquise por endereço, explore camadas temáticas — como cinemas antigos, enchentes históricas ou bordéis da década de 1930 —, e até contribua com dados via planilhas ou softwares SIG. “Nosso objetivo é tornar a história urbana acessível, colaborativa e aplicável dentro e fora do meio acadêmico,” afirma Luis Ferla, docente do Departamento de História da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, um dos coordenadores do projeto.
Além do mapeamento de novos bairros, a equipe trabalha na reformulação da interface e usabilidade da plataforma para ampliar seu uso em escolas, veículos de imprensa e projetos comunitários. Coletivos como “Bom Retiro é o Mundo” e “Grupo Ururay” integram a construção de cartografias próprias, colaborando para novas narrativas sobre o passado da cidade. “A Pauliceia funciona como uma biblioteca viva: cada camada é assinada por seu autor, responsável por seus dados e interpretações,” explica a pesquisadora Tamires Camargo, mestranda em história na Unifesp, envolvida no projeto.
Casos de uso já demonstram o impacto social e jornalístico da ferramenta. Um exemplo citado foi o mapeamento da enchente de 1929, cuja comparação com alagamentos de 2020 pela Folha de S.Paulo revelou padrões persistentes nos mesmos pontos da cidade. Outros temas com potencial jornalístico incluem a história da numeração dos imóveis e as camadas dedicadas a redações jornalísticas e episódios de suicídio na capital paulista.
Com tutoriais disponíveis, registro de autoria e possibilidade de download das camadas para uso em outros sistemas, o Pauliceia 2.0 já é utilizado por pesquisadores internacionais como Jeffrey Lesser, da Emory University, e conta com reconhecimento em artigos publicados, como na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (Fiocruz) e Anais do Museu Paulista. “Queremos que a Pauliceia seja uma ponte entre a pesquisa, o ensino e a sociedade", reforça o pesquisador.
A plataforma permanece em desenvolvimento contínuo, com novas parcerias sendo estabelecidas As atualizações e oportunidades, como bolsas e chamadas públicas, são divulgadas pelo Instagram do projeto: @grupohimaco. Para acessá-la, clique neste link.
SOBRE O PROJETO PAULICEIA 2.0
Desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Emory University e outras instituições, o Projeto Pauliceia 2.0 é uma plataforma digital de mapeamento colaborativo da história da cidade de São Paulo. Focada no período de 1870 a 1940, a ferramenta reúne dados georreferenciados, camadas temáticas e interface de uso aberto para pesquisadores, professores, jornalistas e cidadãos.
A iniciativa busca democratizar o acesso à memória urbana, promovendo o uso da tecnologia como aliada da educação e da preservação histórica. Reconhecida academicamente e em expansão permanente, a Pauliceia 2.0 já se consolida como uma das principais plataformas de geolocalização histórica do Brasil.